A adoção de medidas econômicas erradas resulta em consequências não desejadas. Mas esses efeitos não possuem jamais aquele poder de convencimento que nos é propiciado pelos "fatos experimentais" no campo das ciências naturais. Só a razão, sem qualquer ajuda da comprovação experimental, pode demonstrar a procedência ou a improcedência de um teorema econômico.
A consequência nefasta deste estado de coisas é impedir que as mentes menos preparadas possam perceber a realidade dos fatos com que lida a economia. Para o homem comum, "real" é tudo aquilo que ele não pode alterar e a cuja existência tem que ajustar suas ações, se deseja atingir seus objetivos. A constatação da realidade é uma experiência dura. Ensina os limites impostos à satisfação dos desejos. É a contragosto que o homem reconhece que existem coisas — todas aquelas que decorrem de relações causais entre eventos — que não podem ser alterados com base em crenças que decorrem de seus desejos e não de fatos. Não obstante, a experiência sensorial fala uma linguagem facilmente compreensível. Não se pode argumentar contra uma experiência feita corretamente. A realidade de fatos estabelecidos experimentalmente não pode ser contestada.
Mas, no campo do conhecimento praxeológico, nem o sucesso e nem o fracasso falam uma linguagem clara que todos compreendam. A experiência decorrente exclusivamente de fenômenos complexos não consegue evitar interpretações em que os desejos substituem a realidade. A propensão, existente nos homens menos preparados, de atribuir uma onipotência aos seus pensamentos, por mais confusos e contraditórios que sejam, nunca é desmentida pela experiência de forma clara e sem ambiguidade. O economista jamais tem condições de refutar os impostores da mesma maneira que o médico pode refutar os curandeiros e os charlatães. A história só ensina àqueles que sabem como interpretá-la com base em teorias corretas.
Texto completo em: Instituto Ludwig von Mises Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário