Uma das questões mais fundamentais levantadas por Henri Bérgson é a de saber o que é a consciência. É claro que tal questão não pode ser resolvida facilmente, mas as tentativas a cada vez empreendidas pelo filósofo o encaminham para a seguinte conexão conceitual: “consciência significa primeiramente memória” (p. 191). Esta não é uma definição, mas o ponto de partida do pensamento de Bérgson que culminará na idéia de duração. O que propriamente a consciência é, ou dito de melhor modo, o que a consciência deve ser para exercer uma função vital relevante tem a ver com a memória e to tempo. Por isso, para Bérgson, “reter o que já não é, antecipar o que ainda não é, eis a primeira função da consciência”. A consciência parece então agir sobre essas duas dimensões do tempo, retendo o que já não é mas penetrando no que ainda não é. Resumindo: “a consciência é o traço de união entre o que foi e o que será, uma ponte entre o passado e o futuro”.
A consciência está ligada à ação. Esse pressuposto é fundamental em Bérgson pois que permite que se propague a consciência pela cadeia dos seres vivos. “Então, a rigor, tudo o que é vivo poderia ser consciente: em princípio, a consciência é coextensiva à vida.” (p. 192). A vida portanto implica movimento. Do fato de que o movimento autônomo dos seres vivos implica uma certa sobrevivência do passado no presente e a antecipação do futuro, poder-se-ia dizer que o movimento implica memória; memória implica consciência. A consciência aparece não como uma instância metafísica do além, uma alma, mas como o que se da a partir do movimento animado como sua condição e ao mesmo tempo recurso produzido.
Assim chega-se ao tema da conferência de Bérgson em homenagem a Huxley: “a consciência e a vida”.
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