Senatores boni viri |
Já deveria ter-se tornado claro
que a República está em ruínas pela ação de uma forma coerente, organizada,
intencional de pensar, que o direito das palavras nos permite chamar “filosofia
da corrupção”. É o pensamento que se alimenta da miséria, sem deixar de ser
alimentado por ela. “Não há experiência humana, dizia Michel Foucault, que não
passe pelo pensamento”, de modo que é uma determinada forma de pensamento que
devemos buscar na degradação contínua de todas as nossas instituições. De escândalo
em escândalo o Parlamento perdeu toda a credibilidade, o governo toda sensatez
e os magistrados todo o senso de justiça. Pergunte, então, leitor, quem ganha
com essa pantomima, com esse “carnaval orquestrado”, com a decadência e a
descrença que necessariamente a acompanham. São os mesmos que outrora se faziam
de puros e paladinos da pureza, que falavam do povo, e pelo povo, contra os
vícios das “elites”; são os que se chamam a si mesmos, por ilusão ou cacoete de
stand up, “os progressistas”, “as
esquerdas”, “os excluídos”. É o anverso, os desmascaramento cínico, da velha
comédia dos demagogos.
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