A obra de Husserl é densa e difícil e, talvez por isso, é pouco traduzida, pouco conhecida e menos ainda compreendida entre os trópicos.
Doutor em Matemática, Husserl resolveu se dedicar à Filosofia devido a influência de Franz Brentano, talvez o maior dos aristotelistas do século XIX. Ainda assim, os primeiros trabalhos de Husserl se inscrevem no campo da Filosofia da Matemática: Sobre o conceito de número e Filosofia da Aritmética.
Confesso: não li tais obras, que, creio, sequer foram traduzidas para o português. Mas li algumas das Investigações Lógicas que ainda considero o ponto alto do pensamento de Husserl.
As obras posteriores, das quais conheço as Idéias para uma fenomenologia pura e uma filosofia fenomenológica e as Meditações Cartesianas parecem constituir um tipo de viragem no interior do pensamento do filósofo, inclusive contra temas de suas obras anteriores e de seu mestre Brentano. Embora instigantes a meu ver, carecem um pouco daquela clareza matemáticas das Investigações de modo que, obscurecidas, talvez, por um vocabulário hermético, nunca me parecerão atingir seu objetivo: a fundamentação última e definitiva da Ciência.
Seria precipitado concluir que o projeto fundacional de Husserl tenha fracassado, mas o fato de que seus principais discípulos tenha se desviado para uma filosofia literária e quase mística aponta um estranho paradoxo: reconhecido como precursor e mestre para pensadores tão diferentes quanto Heidegger, Sartre e Derrida, o pensamento de Husserl permanece em grande parte estranho e idiossincrático frente a esses projetos.
Quanto a Mises, resta ainda investigar que conhecimento o filósofo-economista austríaco tinha da obras de Husserl e o que impacto esta pôde ter sobre seu pensamento.
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