quarta-feira, 3 de abril de 2013

Quosque tandem? - A legitima defesa no Brasil


No Brasil, a legítima defesa, tal como está prevista, em nada se parece com um direito fundamental e individual, mas com um tipo de concessão do Estado: "em último caso, poderás defender-te!". Eis o que diz, quase que jocosamente, o vigésimo quinto artigo de nosso Código Penal:

"Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem."

Eis uma chacota que tem rendido incontáveis tragicomédias! Mas o caso é sério: impor moderação àquele que é agredido injustamente é denegar-lhe o direito que a natureza mesma lhe outorgou. Pior, é, muito mais que a usurpação dos meios de defesa, o alimento de toda a velhacaria, celeridade e monstruosidade dos crimes que forçados somos a assistir  todos os dias.

Pensa comigo, cidadão, patris boni familiae: a quantos infortúnios não estais sujeito, tu e teus queridos, vivendo sob tal calamidade?

Dirão os pacifistas que cabe ao Estado cuidar da Segurança Pública; que aos agentes da lei, e somente a eles é dado proteger os cidadãos, perseguir os criminosos e entregá-los à Justiça; que somente a esta, a Justiça, cabe processá-los, julgá-los e condená-los. Concedamos isso contra todas as evidências! Que resulta? De um lado em algo de impossível ou profundamente improvável; de outro, em algo completamente inútil. 

Primeiro, que o Estado possa proteger todo e cada cidadão é uma fantasia que só as mentes muito pueris podem conceber. Acaso poderá o Estado dispor de agentes em todo lugar e tempo e à cola de todo cidadão? E ainda que fosse isso mais que uma miragem gasta, querereis isso para vós e vossos filhos?

Passo por alto essas estórias que o mais ingênuo dos homens não saberia por senão em conta do folclore mais burlesco. Concedamos que os poderes públicos fossem capazes e eficientes em prender, processar, julgar, condenar e punir um assassino celerado. Que ganhais com isso se fores tu mesmo a vítima? Ou, em algum tempo, já se ouviu que um defunto levante do túmulo somente porque seu algoz foi à justiça? Que aproveitará a vítima da punição dos culpados? "Quando o mal está feito, está feito para sempre". 


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